Nos últimos meses, devido ao contexto que estamos atravessando, podemos perceber, de forma impactante, como a geração de lixo doméstico aumentou. E essa percepção realmente converge com a realidade em todo país. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração de resíduo domiciliar cresceu 10% no período de isolamento, devendo crescer ainda a 15% ou 20%.

Essa situação é bem preocupante tendo em vista que grande parte dos resíduos que geramos são descartados de maneira indevida. Por várias falhas – que começam desde a origem do produto, passando pelo consumidor e pelas esferas governamentais – ainda vemos resíduos que poderiam ser reciclados, reutilizados e compostados tendo a mesma destinação que o lixo.

As falhas se iniciam com a pouca adesão à logística reversa por parte das empresas. <Se formos considerar a economia circular, a falha começa ainda antes, quando os produtos não são projetados visando a reutilização de seus componentes.> Ainda é bem reduzida a quantidade de empresas que trabalham com logística reversa de todos os componentes dos produtos comercializados. Nós, os consumidores, também precisamos expandir nossa consciência em relação ao descarte de resíduos: não adianta pensar que o problema e a responsabilidade sobre a destinação final dos produtos consumidos terminada ao se “jogar o lixo fora”. Com relação às esferas governamentais, pode-se verificar que o problema se encontra nos poucos avanços percebidos desde a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) sancionada pela Lei 12.305/2010.

E o que podemos fazer para mudar esse cenário?
O primeiro passo seria buscar informações, nos educarmos ambientalmente a fim de termos maior consciência sobre o ciclo de consumo. O produto que adquirimos possui uma história e, não rara as vezes, percorre um longo caminho até chegar às nossas mãos. Ter essa percepção já nos ajuda a pesquisar melhor sobre o produto, a empresa e nos questionarmos se vale à pena – economicamente, socialmente e ambientalmente – adquirir tal produto. Pensando nos R’s da sustentabilidade: repensar, recusar e reduzir, consumindo apenas o essencial. Para saber mais sobre os “7 R’s da Sustentabilidade”, clique aqui.

O segundo passo é entender que o lixo doméstico, os resíduos sólidos que geramos, na verdade é composto de vários tipos de materiais que precisam ter a destinação adequada. E isso não apenas pela questão da preservação ambiental, mas também pela promoção e proteção da saúde, e pelos ganhos econômicos e sociais. O que entendemos como lixo é na verdade formado por diversos tipos de resíduos: matéria orgânica, material reciclável, resíduos eletrônicos e rejeitos.

Matéria Orgânica
A matéria orgânica é formada por tudo aquilo que tem origem biológica, ou seja, restos de alimentos (de origem vegetal, animal ou industrial), cascas, sementes, saches de chá e café, folhas de árvores.

Descarte adequado: a compostagem é o mais recomendado para esse tipo de resíduo, uma vez que, quando destinados a aterros (muitos ainda funcionam sem a estrutura adequada) podem se transformar em vetores para atração de animais e doenças. Mas o que seria a compostagem? A compostagem é a decomposição da matéria orgânica por microorganismos e animais invertebrados, como a minhoca, que ao se alimentarem desses resíduos geram adubo que pode ser usado para nutrir a terra e ajudar sua horta caseira a crescer ainda mais forte.

Material Reciclável
Essa parte dos resíduos domésticos é formada geralmente por embalagens: plástico, alumínio (refrigerante, cerveja, enlatados em geral), vidro (garrafas), papel (cadernos, cartas, correspondências), e isopor (embalagens). São facilmente reconhecidos pelo símbolo da reciclagem contido nas embalagens.

Descarte adequado: reciclagem! A reciclagem evita que esses materiais se acumulem em aterros levando décadas ou mesmo séculos para se decomporem (alguns tipos de plástico levam 400 anos para se decomporem no meio ambiente). Além disso, existe uma grande parcela desses materiais que são descartados em locais inapropriados, seja por falha de determinado estado que não desenvolveu seu Plano Estadual de Resíduos Sólidos – PERS, seja pela inexistência de coleta seletiva em determinados municípios, seja pelo desconhecimento da população sobre os perigos causados pelo descarte inadequado.

Resíduos Eletrônicos
Os resíduos eletrônicos são na verdade os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE), em outras palavras, são os produtos eletro-eletrônicos que utilizamos normalmente, como: computadores, celulares, TVs, geladeiras, carregadores, lâmpadas, máquinas de lavar, dentre outros.

Descarte adequado: Infelizmente, o descarte correto fica por conta unicamente do consumidor, já que, não há políticas voltadas para a coleta desses resíduos por parte de municípios e estados. Também não são todas as empresas que trabalham com a reciclagem e com a logística reversa de seus produtos. Então a dica é verificar se a marca da qual você adquiriu seu eletroeletrônico possui nos canais de comunicação com o cliente – SAC, site, aplicativos – programas voltados para a logística reversa e/ou reciclagem.

Rejeitos
Os rejeitos são formados pela parcela dos resíduos que não pode ser compostada, reciclada ou reutilizada, ou seja, esse é realmente o lixo que produzimos. É o que realmente deve ser destinado aos aterros sanitários, são exemplos: papel higiênico, fraldas descartáveis e absorventes.

Descarte adequado: os rejeitos devem ser destinados à coleta de lixo municipal, que encaminhará esse lixo aos aterros sanitários, onde o material será devidamente armazenado.

Dicas de leitura para você se informar melhor sobre a destinação adequada do lixo dos resíduos produzidos.

Os 7 R’s da Sustentabilidade em Ação
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Você sabe o que é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e como ela impacta diretamente na reciclagem?

Nathália Abreu – Autossustentável
Co-idealizadora da plataforma, Mestre em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas, Economista e Bacharel em R.I.