E hoje minha implicância amanheceu mascando bala Chita.

Implicância 1:

Fui tomar meu banho e vi a cena de todo dia. A pessoa toma banho, sai do box e deixa a porta de correr aberta, de tal forma que a umidade fique presa entre as duas lâminas do blindex. Com o tempo, vai se formando aquela mancha, o vidro vai ficando fosco, com aparência de sujo.

Relevo e toco o barco, pois hoje vou começar meu “catchup” anual. Uma bateria de médicos me aguarda, ansiosa. O número 1, em prioridade e amizade, é o Dr. Sérgio Lages Murta, meu cardiologista. Na verdade, é o Serginho, meu aluno do Loyola, bem como toda a família Murta, gente que mora no meu coração. Talvez por ser também sua moradia o doutor cuide tão bem dele.

Mas ir ao seu consultório, no Madre Tereza é um duplo exercício; físico e afetivo.

Físico, porque, como o estacionamento do Madre Tereza é mais caro que um ecodoplerhipermaxvision com contraste, deixo o carro estacionado na rua, o que implica em descer e subir um belo morro para adentrar ao hospital.

Implicância 2:

O pessoal do Madre Tereza podia abrir um portãozinho no alto do morro, já no nível em que fica o hospital. Mas, não. Preferiram construir uma escadaria para os muquiranas que, como eu, optam por fugir do assalto in parking.

A escada, claro, já sabia, mas recontei, tem 52 degraus. Você já chega ao consultório com metade do ergométrico feito.

Lá, o exercício afetivo da saudade: cadê o Dr. Vinícius?

Deus um dia vai me explicar, mas eu vou custar a entender…

Mas o encontro com o Dr. Serginho compensa. Muito cuidado e carinho envolvidos. E, claro, saio de lá com uma batelada de exames pra fazer.

Na saída, descendo e conferindo os degraus da escada, cruzo com um sujeito sem máscara e fumando. Pelo jeito ia pra uma consulta, também. Pouco antes de passar por mim, elegantemente jogou o toco de cigarro no chão e continuou seu caminho.

Implicância 3:

Já perceberam como o cigarro induz o fumante a ser mal-educado? Tudo à sua volta vira cinzeiro, inclusive meu nariz. Sei que tem um fumante, uma fumante, que estão lendo essa crônica agora e dizendo: “Eu não”!!! Pode até ser, mas se é, é exceção.

Um dia vou me estender mais na reflexão sobre o vício do cigarro, tema, para mim, muito doloroso.

Bom, voltei pra casa, depois de comprar três kg de açúcar refinado e levar pra minha mãe fazer a calda do doce de figo que ela está preparando, sentei aqui no computador, abri meu pacote de bala Chita e…

A macaca olhou pra mim, riu, e disse: “Que sujeito implicante”!…

 

Eduardo Machado
Educador, Escritor, apaixonado pelo ser humano, um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão.