O medo é um grande negócio. Sempre foi. Quem vende medo, compra submissão.

Medo gera poder para uns e sujeição para muitos.

Religiões usam muito o medo para fazer valer essa equação. Políticos também.

O primeiro dos nossos antepassados das cavernas que venceu o medo e roubou o fogo dos deuses, fogo que caiu do céu num raio e incendiou a savana africana, astutamente tornou-se o pajé da tribo.

Outro membro, ladino, esperto, organizou os guerreiros da tribo e os enviou para enfrentar os inimigos de outra tribo, enquanto esperava na caverna. Eles venceram a batalha e ele tornou-se o primeiro cacique.

Não por acaso, muitos líderes políticos se ligam a líderes religiosos, manipulando, juntos, o medo de eleitores e fiéis, bradando: Sai comunismo! Sai Satanás!

Desconfie de quem usa os seus medos para tentar te convencer de alguma coisa. Estes exemplos ilustram bem como os territórios da fé e da política são férteis para os que sabem manipular e usar o medo como instrumento de poder.

Este instrumento, hoje, ganha o espaço ilimitado das Redes Sociais onde somos bombardeados por todos os lados. Vivemos cercados, alarmados e viralizados. São muitos os medos que nos assolam. E não estou falando, aqui, do Corona Vírus, o medo do momento. Dele também. Mas há os medos de sempre: a violência, doenças, crise financeira, morte…

Qual é o seu maior medo, hoje?

Medo não tem meio termo. Amedrontados, nos isolamos na covardia ou deixamos vir à tona nosso lobo raivoso, irado, acuado e vingativo.

Exemplo? As eleições recentes, no Brasil e em outros países do mundo, foram e são terreno fértil para o exercício do medo.

Só que, o que antes ficava restrito à questões e situações pessoais, privadas, ganha espaço e reforço nas Redes Sociais onde todos têm voz e vez. Até o vírus.

Assim, minha sugestão de hoje é usar outra fábula colhida na WEB para confrontar e combater os medos que nos rodeiam e, por vezes, invadem. Você também já deve ter recebido essa historinha que convido a reler e meditar.

Quando receber um post, uma mensagem, uma denúncia, uma notícia, uma imagem, antes de “repassar sem dó”, passe por essas “três peneiras”…

A primeira peneira é a VERDADE.

Você tem certeza absoluta de que o conteúdo que recebeu é verdade? Se você não tem como comprovar, não confie nem na idoneidade de quem enviou. Pessoas honestas, respeitáveis, confiáveis também vão ao banheiro e, portanto, também fazem merda! Às vezes sem querer, mas fazem. Repassam bobagens, mentiras, achando que estão ajudando a salvar o mundo.

Por outro lado, nesses tempos de robôs e fakenews, há disseminadores profissionais de desgraças e mentiras soltos na WEB. Não seja um propagador dessas merdas.

A segunda peneira é a NECESSIDADE.

É necessário repassar essa mensagem? Convém? Vai ajudar a comunidade? Vai melhorar sua vida e a vida das pessoas à sua volta? Vai resolver algum problema ou gerar mais conflito, medo, ódio?

A terceira peneira é a BONDADE.

A mensagem que você quer repassar é uma coisa boa? Vai ajudar quem ler a se sentir melhor, mais feliz e seguro? Vai aproximar ou afastar pessoas? Vai criar pontes ou muros? Vai expor pessoas ou grupos ao ridículo, vai incentivar preconceitos, vai gerar intolerância, discriminação?

No afã da vaidade de sermos lidos, ouvidos, curtidos, compartilhamos, muitas vezes, o pior de nós e em nós.

Faça isso não…

Sem ser ingênuo ou alienado, se estiver em dúvida, escolha a verdade, a necessidade, a bondade e o amor. Se tiver certeza, também!

Eduardo Machado
Educador, Escritor, apaixonado pelo ser humano, um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão.