Porque Rosh Hashana marca a passagem do tempo e Yom Kipur nos interroga sobre o sentido de nossa vida, lembramos que ha:

 Tempo de olhar para o futuro e tempo de lembrar nosso passado.
 Tempo de nos pensar como indivíduos e tempo de nos pensar como comunidade.
 Tempo de realizar e tempo de refletir.
 Tempo de ficar sós e tempo de ficarmos juntos.
 Tempo de lembrar e tempo de esquecer.
 Tempo de ensinar e tempo de aprender
 Tempo de dar e tempo de receber.
 Tempo de falar e tempo de calar.
 Tempo de acreditar e tempo de duvidar.
 Tempo de se sentir culpado e tempo de se perdoar.
 Tempo de julgar e tempo de suspender o julgamento.
 Tempo de se entregar e tempo de se dissociar.
 Tempo de viver e tempo de morrer.
 Tempo de rir e tempo de chorar.
 Tempo de ser prudente e tempo de arriscar.
 Tempo de trabalhar e tempo de descansar.
 Tempo de semear e tempo de colher.
 Tempo de ser orgulhoso e tempo de ser humilde.
 Tempo de estar alegre e tempo de estar triste.
 Tempo de ter ilusões e tempo de perdê-las.
 Tempo de esperar e tempo de agir.
 Tempo de amar sem ser amado e tempo de ser amado sem amar.
 Tempos sem sentido e tempos com sentido.

E que a sabedoria se encontra em compreender que o tempo é sempre um, no qual:

 Nosso passado esta sempre presente no nosso futuro.
 A comunidade é formada por indivíduos livres e os indivíduos não esquecem que sempre são parte de comunidades.
 Quem faz deve refletir e quem reflete deve agir.
 Porque os mortos continuam vivos em nos e a vida não pode desconhecer a morte.
 Paramos de falar para ouvir e ouvimos para entender o que estamos falando.
 A prudência não deve eliminar nossa coragem para ariscar e o risco deve ser responsável.
 Quem recebeu já retribuiu e quem deu já recebeu.
 Só aprendemos desaprendendo e só se ensina aprendendo.
 Quem semeou já recolheu e quem recolheu não deixa de semear.
 Não podemos ser orgulhosos se não somos humildes e somos humildes porque somos orgulhosos.
 Estamos sós quando estamos juntos e estamos juntos quando estamos sós.
 Acreditamos sem dogmatismo e duvidamos sem deixar de lutar pelo que acreditamos.
 Só somo livres para encontrar sentido à vida quando descobrimos que ele simplesmente é o que fazemos de nossas vidas.
 Choramos de alegria e rimos para não chorar.
 No há culpa sem perdão, nem julgamentos que não sejam questionáveis.

Porque o tempo nos permite amar e aprender, e ambos são o maior dom da vida, agradecemos:

Shehechyanu, ve´quimanau ve’higuianu lazman haze
Que vivemos, que existimos, que chegamos, a este momento.

 

Bernardo Sorj
Sociólogo brasileiro, professor titular aposentado de Sociologia na UFRJ, diretor do Centro Edelstein e Plataforma Democrática.