A Amazônia é um crucial regulador da temperatura do planeta e responsável por assegurar o fluxo de chuvas indispensável para a produção agrícola brasileira. Com o investimento estatal para o combate do desmatamento em constante risco, as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas que povoam a Amazônia Legal ganham protagonismo na preservação da floresta.

As terras indígenas (TIs) e as áreas naturais protegidas (ANPs) cobrem, juntas, mais da metade (52%) da Amazônia e armazenam 58% do carbono na região, segundo artigo científico publicado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) no início deste ano.

Um estudo divulgado em agosto de 2020 pela agência Reuters mostrou que territórios indígenas demarcados tiveram redução de 66% em desmatamento anual quando comparados com terras não demarcadas. A análise foi feita a partir de dados de satélite coletados entre 1982 e 2016.

“Uma vez que os direitos totais de propriedade são concedidos aos territórios indígenas… as tribos indígenas são realmente eficientes na contenção do desmatamento”, disse à Reuters a coautora do estudo e pesquisadora Kathryn Baragwanath.

Apesar do trabalho de Baragwanath mostrar a importância da demarcação de terras para a conservação das florestas, dados coletados nos primeiros quatro meses de 2020 mostram uma realidade alarmante: aumento de 64% nos índices de desmatamento em terras indígenas da Amazônia em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Socioambiental (ISA), em alguns territórios o índice chegou a ser 827% maior entre março e julho.

A presença de garimpeiros ilegais e o risco adicional da Covid-19, que avança nas comunidades marcadas pelo acesso escasso ao sistema de saúde, reforçam a urgência da luta indígena.

Fernanda Schimidt – ECOA/UOL