Rosh Hashaná nos coloca a pergunta: o que aprendemos no ano que passou? E Yom Kipur nos lembra que cada julgamento que fazemos é um espelho de quem somos, de nossas inseguranças e de nossos preconceitos.

A capacidade de julgamento é o que nos faz humanos, mas também pode nos desumanizar, quando:

Julgamos em forma apresada, e somos imprudentes.

Julgamos sob o efeito da cólera ou do medo, e agimos errado.

Julgamos em forma preconceituosa, e humilhamos.

Julgamos a forma e não o conteúdo, e somos banais.

Julgamos fazendo uso do poder econômico ou emocional e oprimimos.

Julgamos quando o que deveríamos ter feito era só compreender.

Julgamos sem respeitar, e ofendemos.

Porque o dia do perdão deve ser o dia em que nos propomos mudar nossa forma de julgar.

E sermos mais prudentes e menos afobados.

E sermos mais compreensivos e menos preconceituosos

E sermos mais cautelosos e menos apressados.

E sermos mais curiosos e menos dogmáticos.

E sermos mais generosos e menos egoístas.

Valorizando o essencial e não o supérfluo.

Protegendo nossos interesses sem prejudicar os outros.

Levando em conta nossos sentimentos sem perder a noção de justiça.

Superando nossos preconceitos que são uma couraça empobrecedora.

Aceitando que nossas escolhas são frágeis, pois navegamos entre valores, interesses e afetos conflitantes.

De forma que possamos chegar ao próximo Rosh Hashaná e Yom Kipur tendo julgado menos porque nos conhecemos mais e nos informamos melhor, não deixando que a emoção se dissocie da razão.

Porque queremos ser melhores, brindamos:

Shehechyanu, ve´quimanau ve’higuianu lazman haze.

Que vivemos, que existimos, que chegamos a este momento.

Bernardo Sorj
Sociólogo brasileiro, professor titular aposentado de Sociologia na UFRJ, diretor do Centro Edelstein e Plataforma Democrática.