Uma retomada verde nas cidades passa por transformações para tornar as calçadas, as ruas e outros espaços em locais acessíveis, acolhedores e de permanência. As potencialidades precisam ser aproveitadas ao máximo para reduzir longos deslocamentos, melhorar a qualidade de vida e se reaproximar do meio ambiente.
Com o automóvel ligado a grande parte das emissões de poluentes, o pedestre virou o protagonista do século 21, com o apoio de uma série de outras alternativas de transporte. Para obter maior resultado, contudo, as propostas precisam ser aplicadas em grande escala.
Essa mudança de paradigma está ganhando espaço em diversas metrópoles, como Paris, que aposta no planejamento urbano como principal plataforma de sustentabilidade. Inspirado nas propostas da capital francesa, mostramos a seguir transformações simples para tornar as cidades mais sustentáveis.
MAIS ESPAÇO PARA O VERDE
– As cidades hoje: ruas e calçadas funcionam como espaços de deslocamento, priorizando carros e sem aplicação de conhecimentos e tecnologias que podem reduzir o impacto ambiental.
– Dar novos usos: encruzilhada antes desocupada pode virar um espaço de lazer, que se espalha também por uma área antes utilizada para o tráfego de veículos.
– Tornar ambientes mais acessíveis: projetar calçadas e caminhos com um desenho universal, preparado para atender pessoas com mobilidade reduzida e carrinhos de bebê.
– Plantar mais árvores: elas ajudam a reter os poluentes, reduzem as chances de alagamentos e tornam o microclima mais agradável.
– Aumentar oferta de mobiliário urbano: instalar bancos, mesas e playground feitos com materiais sustentáveis, que trazem conforto e lazer aos moradores e tornam a rua mais movimentada.
– Criar pomares urbanos: implantar hortas comunitárias e plantar árvores ajudam a unir a comunidade, fornecem alimentos para consumo local e atraem animais silvestres.
– Adotar energias renováveis: captação de energia solar e eólica pode ter aplicação em vias públicas e espaços privados. Um exemplo são os painéis fotovoltaicos.
INTEGRAR AS ESCOLAS ÀS VIZINHANÇA
– As escolas hoje: elas ficam isoladas do resto da cidade, o acesso ocorre por ruas com grande movimento de carros e a presença da natureza nem sempre é evidente.
– Abrir as escolas à comunidade: permitir o uso das áreas de recreação pela comunidade nos fins de semana e nas férias escolares.
– Instalar novos itens de mobiliário urbano: colocar brinquedos, bancos e mesas em espaços verdejantes para ampliar o contato das crianças com a natureza.
– Criar uma rua das crianças: restringir o tráfego de veículos, tornando o acesso a pé ou por bicicleta mais amigável e transformando a via em um espaço complementar de aprendizagem.
– Incluir sustentabilidade no ensino: implantar um currículo que discuta temas relacionados ao meio ambiente, incentive o contato com a natureza e pratique a cultura do “faça você mesmo”.
– Tornar as escolas mais sustentáveis: servir refeições orgânicas na merenda, adotar matérias-primas com menor impacto ambiental e tornar os espaços mais verdes.
– Instalar telhados verdes: plantar vegetais na cobertura da construção, melhorar o conforto térmico do prédio, atenuar o microclima e ajudar na drenagem da água da chuva.
RUAS MAIS ACOLHEDORAS
– As ruas hoje: as calçadas são estreitas, o trânsito de carros ocupa a maior parte do espaço e há pouca vegetação.
– Implantar ciclovias e faixas para fluxo de pedestres: elas dão mais segurança para o tráfego de pessoas e ajudam a desafogar o trânsito e o transporte público.
– Instalar mais mobiliário urbano: colocar mesas, bancos e cadeiras transforma a vizinhança em espaço de convívio e de lazer, onde se pode passear e brincar com conforto.
– Dar prioridade ao pedestre: reduzir o número de pistas para veículos e adotar o “traffic calming”, com elevação da rua para o nível da calçada e aumento do espaço para pedestres.
– Melhorar as calçadas: trocar o concreto por materiais que permitam melhor absorção da água, instalar rampas para dar acesso universal e adotar a criação de jardins.
– Dar uso aos térreos dos edifícios: implantar “fachadas ativas”, com a abertura de estabelecimentos comerciais, aumenta a movimentação e ajuda a manter a economia local viva.
Priscila Mengue – Estadão