Não é que não existam boas notícias; é que, quando o que se planta é negação e hesitação, não há vitória. Há pequenos alívios, sim. Mas mais de mil brasileiros morrem por dia e nada indica mudança na condução da batalha. Se estamos vivendo apenas sob cuidados paliativos, toda notícia positiva será pontual.

É o que temos hoje, e pior sem elas. Até o dramático isolamento social – que ainda não mantém os índices necessários se arrasta longamente sem aperto nem afrouxo – pode se beneficiar desses ajustes. Pesquisadores vinculados ao Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) desenvolveram um modelo para ajudar prefeituras interessadas a criar um sistema de quarentenas alternadas em cidades próximas, criando um protocolo descentralizado. Para proteger sistema de saúde e economia, modelo ajuda a planejar isolamento intermitente, indicando momentos em que cada cidade poderia ter mais ou menos restrições.

Casa onde ficar

Considerando o momento atual, os senadores aprovaram ontem (19) a flexibilização de nove pontos do direito civil e do consumidor. O relatório garante que ações de despejo protocoladas a partir de 20 de março fiquem proibidas até 30 de outubro deste ano.

Em São Paulo, o Ministério Público de São Paulo acolheu uma representação feita por representantes da população sem-teto como Guilherme Boulos e padre Júlio Lancelotti pedindo o uso da rede hoteleira e prédios municipais ociosos da capital como abrigo durante a pandemia. O MP recomendou ao prefeito Bruno Covas (PSDB) a adoção dessas medidas para a criação de 8 mil vagas de acolhimento de pessoas em situação de rua durante a pandemia. Medidas similares já são usadas em outras cidades. A Prefeitura tinha lançado edital para acolher idosos em situação de rua em 500 vagas da rede hoteleira, mas a contratação de hotéis foi adiada, além de ser considerada “insuficiente” pelo MP, diante das 25 mil pessoas vivendo nas ruas de São Paulo atualmente.

Psicoterapia pontual

A discussão sobre cuidados de saúde mental durante a pandemia tem sido uma constante. Não é preciso esperar chegar ao extremo ou ter provas físicas de que algo não vai bem para iniciar o cuidado, muito menos esperar o “tsunami psiquiátrico”. Uma reportagem de Viva Bem mostra casos de gente que usou recursos simples, como um aplicativo gratuito, para ficar melhor.

O Ministério da Saúde também lançou serviço de atendimento psicológico para profissionais que atuam na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus terem consultas a distância. O projeto, que havia sido iniciado em abril, só começou a funcionar de fato ontem. Pelo telefone 0800-644-6543, profissionais da saúde terão acesso a teleconsultas psicológicas e psiquiátricas.

Sono melhor

Estudos realizados em situações de confinamento mostram que algumas ações diárias podem ajudar a manter o padrão de sono. Há algumas estratégias que podem ajudar a melhorar qualidade do sono durante a quarentena. A equipe do Laboratório do Sono do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), junto à Associação Brasileira do Sono, elaborou uma lista de recomendações e orientações sobre rotinas do dia e da noite, que pode ser consultada aqui.

Indígenas na pandemia

A agente de saúde Suzane da Silva Pereira, 20, da etnia kokama, foi a primeira indígena a ser diagnosticada com o novo coronavírus no Brasil. Após 25 dias de quarentena, ela voltou ao trabalho nas últimas semanas, na floresta amazônica, para ajudar sua comunidade. Conheça a história dela.

Nesta sexta (22), o programa “Diálogos na USP” discute a situação dos povos indígenas na pandemia. O programa volta a ser apresentado ao vivo pelo Canal USP, e vai tratar de problemas crônicos nas comunidades indígenas, agora, agravados pela Covid-19.

Carina Martins – ECOA / UOL