A responsabilidade é um valor na sociedade que precisa ser cultivado para crescer e produzir valores humanos importantes para a convivência das pessoas.
No direito, quando se fala em responsabilidade, logo se pode pensar em conduta ilícita praticada pelo presidente da República, o chamado crime de responsabilidade. Ou, na mais comum, a responsabilidade civil, mais ligada ao dia a dia dos brasileiros, o povo que com os pés em solo firme sustenta a nação. Agora, a responsabilidade do fornecedor de produtos ou serviços e muitas vezes na responsabilidade objetiva, aquela do Estado pelos atos praticados por seus agentes ou concessionários.
O que é então a responsabilidade? De início, é possível observar como a palavra tem o mesmo radical da palavra “resposta”. Podendo-se dizer então que a responsabilidade é a capacidade ou habilidade de responder a determinadas situações.
A Lei 1.079/50 define diversas condutas contrárias aos comandos constitucionais como sendo crimes de responsabilidade, demonstrando que, se o presidente não responde bem ao cumprimento da Constituição, ele deve ser afastado. A responsabilidade civil convoca todo o povo a responder pelos próprios atos. A responsabilidade do fornecedor de produtos ou serviços convoca-o a responder pelos produtos que fabricou ou serviços que prestou. E a responsabilidade objetiva impõe ao Estado responder pelos erros de seus agentes ou concessionários, mesmo que depois tenha ação de regresso contra estes, o Estado, responde.
Então, a responsabilidade é um valor que precisa ser cultivado e precisa crescer e assumir mais espaço na sociedade contemporânea.
Todos são convocados a responder quando ocorrem fatos atentatórios à sociedade brasileira. Isso é fundamental para a credibilidade da nação. Sua capacidade de resposta é algo que deve saltar aos olhos.
Um povo precisa ter responsabilidade, e essa capacidade de responder as questões que a vida apresenta deve ser transmitida às gerações para que o futuro não seja caótico.
Profetas não eram pessoas que adivinhavam o futuro e profetizavam suas visões ou adivinhações. Profetas eram pessoas com enorme capacidade de responder a questões atuais e preservar esta habilidade de resposta para o futuro.
Quando descobriram os papiros do Mar Morto houve grande agitação nas comunidades religiosas ocidentais. Lá, encontraram registros dos essênios demonstrando que a transmissão dos textos bíblicos, principalmente de Isaías, fora realizada fielmente por mais de mil anos.
Isaías foi um profeta que descreveu centenas de anos antes muitos acontecimentos da vida do Jesus dos cristãos. O mais importante com a descoberta dos papiros do mar morto, portanto, não foi a confirmação dos textos do profeta, nem o conteúdo de suas profecias que já eram conhecidas, foi a demonstração da responsabilidade de uma comunidade com a preservação do seu conhecimento, e a transmissão de sua capacidade de resposta a situações que enfrentaram de modo responsável.
Nos últimos tempos, muitos desafios de natureza ambiental, produzidos por humanos e produzidos pela própria natureza e, recentemente, de saúde pública como a Covid-19, estão convocando, em todo o mundo, todas as pessoas a darem respostas, individuais e coletivas, que promovam as ideias de preservação e transmissão de memória destas respostas a gerações futuras.
Wagner Dias Ferreira – Dom Total