O sucesso nos empreendimentos não se concretiza de maneira absoluta. Há sempre o contraditório que deverá ser enfrentado. Esse movimento é sadio porque livra pessoas, grupos e sociedades de posturas absolutistas e supremacistas. Por essa razão, tanto quem obtém sucesso quanto quem se considera derrotado deve passar por um processo de autocrítica a partir do qual se possa identificar os ganhos e as perdas reais. Uma vez que se deve evitar a unanimidade, própria dos tempos de enrijecimento, há um aprendizado que se deve acolher a fim de que não se caia no engano de se considerar sempre um vencedor ou perdedor.
Hoje podemos considerar que Jesus de Nazaré foi um homem cuja vida é, sem dúvidas, conhecida em todo o mundo. Mulheres e homens foram decisivos para que a memória dos seus feitos atravessasse as épocas, de modo que chegasse até as gerações atuais. Deixando o conteúdo da mensagem de Jesus de lado, é importante considerar que seu modo de viver e de se comunicar com as pessoas foi difundido e ele se tornou uma figura famosa em todo o mundo. Nesse sentido, é interessante o fato de que suas ações e seu discurso tenham alcançado até a benevolência de artistas que não deixaram de registrar cenas impressionantes da sua vida que foram contadas por seus seguidores.
Mas a fama de Jesus, isso é certo, não se deu de maneira absoluta. Se voltarmos aos evangelhos veremos que há um jogo muito interessante com relação ao acolhimento e rejeição dele. Na medida em que se tornava popular, crescia também o número dos que se opunham à sua mensagem e se negavam viver da maneira que ele propunha. Com esse exemplo, vê-se que o próprio Jesus não alcançou uma unanimidade no seu projeto de anunciar e inaugurar o Reino de Deus no aqui e agora da vida e da história. Podemos dizer que essa unanimidade não foi alcançada em seu tempo e em nossa época, de modo que à época e hoje seu projeto segue sendo acolhido e rejeitado, de modo que segue ganhando e perdendo novos seguidores. E é bom que seja assim!
O contraditório obriga a repensar as estratégias e as práticas. Uma vez realizado esse processo, é possível assumir novas posturas mais criativas, que nos desafiam a acreditarmos em nossos projetos e a atuarmos da melhor maneira a torná-los mais bem recebidos entre as pessoas. Mas é imprescindível considerar que nenhum projeto alcança seu sucesso quando não é capaz de gerar empatia, de despertar no outro algo mais profundo que tenha a ver com o sentido da própria vida.
E não se desperta a empatia sem envolvimento com as próprias crenças. Nesse aspecto, podemos considerar que Jesus despertou a empatia de algumas pessoas porque ele mesmo acreditava no projeto que inaugurava na vida de algumas pessoas. Jesus tinha empatia pelo Reino, porque era apaixonado pela justiça, igualdade, solidariedade, pelo amor, pelo perdão e a misericórdia aos quais conclamava os outros a viverem. Certo é que sem a empatia só há perdedores. Ela é o ensinamento que todos devemos assumir na vida.
Tânia da Silva Mayer – Dom Total