O perfil do profissional de imprensa mudou pouco comparado ao último levantamento, de 2012. Nesses nove anos, porém, cresceu a presença de pessoas negras entre jornalistas no Brasil, passando de 23% para 30%, num provável reflexo das políticas de ação afirmativa de acesso ao ensino superior, avaliam os/as pesquisadores/as.
O levantamento apurou que a renda média de 60% dos/as jornalistas brasileiros/as é inferior a 5,5 mil reais por mês e apenas 12% têm renda mensal superior a 11 mil reais. Dos 7 mil respondentes, 50 recebem mais de 22 mil reais por mês. Do total pesquisado, 1.312 têm curso superior completo, 604 contam com pós-graduação; no campo político, 1.045 se identificaram com a esquerda, 28 com a direita e 92 se declararam de centro.
Quanto à cor, 928 são pretos/as ou pardos/as, mas a maioria (2.103) é branca; 417 do universo pesquisado trabalham até 6 horas diárias, 189 profissionais de 11 a 12 horas e 65 mais de 13 horas por dia, o que se reflete na saúde: 62% disseram que se sentem estressados/as no trabalho, 20,1% já tiveram diagnóstico de algum transtorno mental relacionado ao trabalho e 31,4% receberam indicação para tomar antidepressivos. E o pior: 55,8% afirmaram que não sentem seus esforços reconhecidos no trabalho e 40,6% já sofreram algum tipo de assédio moral.
Quanto às formas de contratações de jornalistas, a pesquisa constatou que os vínculos CLT caíram nos últimos nove anos; 24% dos/as pesquisados/as trabalham como freelances, pessoa jurídica, microempresa ou até mesmo sem contrato algum. Profissionais de São Paulo foram os que mais aderiram à pesquisa, como 1.175 respostas; do Rio Grande do Sul vieram acima de 400 respostas.
Um dos coordenadores da pesquisa, o professor Samuel Pantoja Lima, apontou que foi essencial o engajamento de organismos como a Rede de Estudos sobre Trabalho e Identidade dos Jornalistas, da SBPJor, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Associação Brasileira de Imprensa, Associação Profissão Jornalista e Associação Brasileira de Estudos do Jornalismo “para que conseguíssemos reduzir a margem de erro dos resultados para 2%”.
Para o professor Jacques Mick, também da UFSC e coordenador da pesquisa, “foi muito bom superar a marca dos sete milhares. É a maior pesquisa que já fizemos desde que começamos com esse trabalho, há dez anos”.
Edelberto Behs, jornalista – IHU